domingo, 13 de março de 2011

Soluções possíveis

Júnia Leticia - Estado de Minas


          Déficit habitacional, eficiência no transporte e desenvolvimento da infraestrutura em bairros periféricos são os grandes desafios a serem vencidos na capital mineira.
Eduardo Almeida/RA Studio
Diretor da Torres Miranda, Júlio Tôrres reconhece que alguns bairros de BH têm ocupação pouco condizente com sua infraestrutura

          Diante de tantos desafios, como expandir? Para concretizar a mudança, idealizada tanto na Lei de Uso e Ocupação do Solo quanto no Plano Diretor da cidade, foi realizada, em 2009, a 3ª Conferência Municipal de Políticas Urbanas, na qual gestores técnico-empresariais e sociais opinaram sobre alterações na legislação. A discussão foi que o desenvolvimento da cidade fosse aliado à qualidade de vida, em prol de um crescimento sustentável.

          Com isso, algumas regiões passaram a permitir prédios mais altos, enquanto outras têm limite de altura e coeficiente de adensamento menor. Participante da conferência, o diretor da Torres Miranda Arquitetura, Júlio Tôrres, reconhece que alguns bairros de BH têm ocupação pouco condizente com sua infraestrutura, caso do Buritis. "Mas, generalizar foi um erro, pois nenhuma área teve seu uso estimulado", avalia.
Um dos prejuízos apontados pelo arquiteto foi a redução dos coeficientes de construção em locais próximos às grandes vias, estações de metrô e de ônibus. Ele acredita que isso foi feito sob o pretexto de bloquear a especulação imobiliária. “Foram criados mecanismos complicados de cálculo das áreas permitidas”, opina.

O arquiteto Oscar Ferreira também ressalta a importância do desenvolvimento da infraestrutura e destaca que a solução para suprir o déficit habitacional é a verticalização. Caso contrário, ela não comportará o número de habitantes. "Precisam permitir a construção de prédios em locais onde as pessoas querem morar."

O vice-presidente das incorporadoras da CMI/Secovi-MG, Evandro de Lima Júnior, diz que a verticalização é viável, dependendo da região. Em outros locais, é preciso um melhor planejamento do solo, buscando o progresso de localidades que ainda não têm uma boa infraestrutura. "Um exemplo é o Centro Administrativo, que levou desenvolvimento para uma região até então subdesenvolvida, sem envolver necessariamente a verticalização da área."

O resultado da falta de investimento em infraestrutura é a instalação de pessoas em áreas de difícil acesso, como considera Oscar. Ele cita a liberação de coeficiente mais permissivo em Nova Lima, que está conduzindo a população da Região Sul para a cidade. "E o ônus de acesso fica para BH."

De acordo com o arquiteto Júlio Tôrres, não há áreas de difícil acesso, mas, sim, regiões em que o transporte público não é eficaz. "O crescimento da cidade tem que ser antecipado pelo replanejamento da malha de transporte e das políticas de infraestrutura. Não se pode correr atrás. Primeiro você dá as bases, para depois expandir."

Para um crescimento sustentável, Evandro aposta em uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada. "O caminho não é restringir a construção de novos empreendimentos, mas investir em áreas subaproveitadas", completa.

Apesar de reconhecer que o próprio mercado sinaliza para as tendências de ocupação, refletindo o desejo da população, o arquiteto Oscar também lembra que, ao escolher um imóvel, as pessoas buscam comodidade no dia a dia, o que está relacionado à mobilidade urbana. "Por isso, é preciso incentivo para que se ocupem regiões próximas de casa e do trabalho, diminuindo o fluxo de automóveis nas ruas e o deslocamento das pessoas, além de facilitar o uso de transportes alternativos, como bicicletas e metrô", diz.

EQUILÍBRIO

Uma das soluções para isso seria o desenvolvimento regional. Segundo Evandro, criar bairros que sejam independentes em termos de infraestrutura é essencial para o equilíbrio da cidade. "Lógico que algumas regiões vão continuar sendo polos de atração. Por isso, uma estrutura urbana que comporte esses deslocamentos e equilibre o desenvolvimento com sustentabilidade é a melhor opção."

Júlio Tôrres também ressalta a importância de se estimular a descentralização das atividades por meio de políticas de incentivo de uso de determinadas áreas da cidade, fora do Centro. "Esses núcleos regionais, onde as pessoas moram, trabalham e consomem, estão na base de cidades sustentáveis, nas quais o trânsito é desafogado, as emissões de gases são reduzidas, consome-se menos combustível e economiza-se o tempo das pessoas", analisa o arquiteto.

Fonte: http://noticias.lugarcerto.com.br/imoveis/template_interna_noticias,id_noticias=43989&id_sessoes=18/template_interna_noticias.shtml

          A reportagem acima relata a opinião de profissionais envolvidos na construção civil em Belo Horizonte sobre a mudança na legislação de Uso e Ocupação do Solo que entrou em vigor em 2010. A nova lei diminuiu os potenciais construtivos nos zoneamentos da capital mineira provocando uma diminuição na área dos apartamentos e um aumento de preço no mercado imobiliário. As pessoas viverão em lugares menores e pagarão mais por isso! A burocracia na aprovação de projetos aumentou consideravelmente prejudicando profissionais e proprietários de imóveis. O Prefeito sancionou a lei, mas a PBH não deixou claro à população o que a nova lei trará de benefícios a curtos e ou longos prazos para o município. As taxas e as multas são altíssimas, qual é o benefício?

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